Algumas considerações sobre o Islã: significa “submissão” (raiz da palavra paz) e a palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa “declamar” ou “recitar”; Alcorão é, portanto, uma “recitação” ou algo que deve ser recitado.
Os hadiths são a base da lei islâmica, é a literatura do profeta aceita pela tradição, mas não sagrada. Na Jordânia, vigora a sharia (diferentemente do Líbano, por exemplo). É a lei religiosa que faz parte da tradição islâmica, derivada dos preceitos religiosos do Islã, particularmente do Alcorão e do Hadith. Em árabe, o termo sharia refere-se à lei divina imutável de Deus. Existem os yazidis, comunidade étnico-religiosa curda cujos membros praticam uma antiga religião sincrética, ligada ao zoroastrismo (prática dos persas, em que se valoriza a figura do céu), islamismo, cristianismo, judaísmo e a antigas religiões da Mesopotâmia. Há os sufis, com os profetas que utilizam a lã do carneiro (assemelham-se aos são franciscanos só que do islamismo). Em Meca, com base nisso, todos devem ser iguais, o mesmo tecido é o do rei e o do súdito.
O muçulmano valoriza muito a peregrinação de Meca para Medina, devido à realização dessa pelo profeta Maomé em 622 d.C., quando fugiu da perseguição pelos comerciantes (coraixitas) na Hégira. Esses praticavam o paganismo e vendiam imagens de deuses. Como a doutrina religiosa de Maomé era contra essas práticas, atiçou a ira dos comerciantes que ameaçaram matá-lo. Essa peregrinação é permitida somente a muçulmanos, que dão sete voltas na Caaba. A Pedra Negra, uma pedra sagrada antiga, está embutida no canto oriental da Caaba, um metro e meio acima do solo. O profeta Maomé disse: “A pedra negra desceu do paraíso e era branca como leite, mas os pecados dos filhos de Adão a tornaram negra.” Há divergências sobre quem construiu a Caaba. Alguns dizem que foi construída pelos anjos. Outros dizem que o pai da humanidade, Adão, construiu a Caaba, mas ao longo de muitos séculos ela ficou em ruínas e ficou perdida no tempo, para ser reconstruída pelo profeta Abraão.
Estivemos com esse povo no mês de novembro de 2017 na Jordânia, numa caravana de ajuda humanitária Tour Of Hope, e ali vivemos grandes experiências, e aprendemos muito sobre sua cultura, costumes, política, religião, anseios.
Passamos 12 dias intensos, com uma equipe médica maravilhosa, realizando atendimentos para aquele povo, com 04 médicos, 3 fisioterapeutas, 1 farmacêutico, 1 biomédico, 2 psicólogos, 1 dentista, 1 Enfermeira e mais um grupo de cuidados da mulher, e de trabalho infantil. Nesse período realizamos atendimento ambulatorial, fizemos atendimentos em uma escola de crianças refugiadas, fizemos visitas domiciliares e atendemos em um asilo.
Testemunho sobre postagem no Facebook por um dos atendidos (sabi): o maior impacto da presença do grupo referiu-se a não-acepção de pessoas, sendo que havia cristãos, yazidis, sabis e muçulmanos. Referiu que pôde sentir o que é Igreja, considerando que sua vida e a da esposa foram impactadas pelos brasileiros. Viu mais de 600 pessoas serem tratadas e que o líder brasileiro deu a ele a oportunidade de traduzir o agradecimento das pessoas. Disse ter visto o ambiente parecer o céu. A Jordânia foi informada a respeito do trabalho da equipe.
A escuta é uma arte. Saber escutar e compreender é um dom que o Criador deu a cada um de nós. É o que nos torna verdadeiramente humanos. Sabemos que somos pó e ao pó retornaremos. Nunca sabemos o dia de amanhã.
Por isso, sou adepto à frase:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra Alma Humana.”
Carl G. Jung – Psiquiatra e Psicoterapeuta
